quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Série: Um homem segundo o coração de Deus - "UM ABISMO CHAMA OUTRO ABISMO..."

Um Abismo chama outro Abismo...

Sl. 42 - “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus? As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite, enquanto me dizem continuamente: O teu Deus, onde está? Lembro-me destas coisas — e dentro de mim se me derrama a alma —, de como passava eu com a multidão de povo e os guiava em procissão à Casa de Deus, entre gritos de alegria e louvor, multidão em festa. Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu. Sinto abatida dentro de mim a minha alma; lembro-me, portanto, de ti, nas terras do Jordão, e no monte Hermom, e no outeiro de Mizar. Um abismo chama outro abismo, ao fragor das tuas catadupas; todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim. Contudo, o SENHOR, durante o dia, me concede a sua misericórdia, e à noite comigo está o seu cântico, uma oração ao Deus da minha vida. Digo a Deus, minha rocha: por que te olvidaste de mim? Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos? Esmigalham-se-me os ossos, quando os meus adversários me insultam, dizendo e dizendo: O teu Deus, onde está? Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu.

Este período pouco falado da vida de David, não é obscuro na Palavra de Deus, porém, é um período pouco interessante para a maioria das pessoas que gosta de saber apenas quando tudo está indo bem, quando tudo “dá certo”, e desde o pecado de David com Batsheva, parece que tudo começa a desmoronar na vida de David. 

David, um homem segundo o Coração de Deus, parece não ter sido um bom pai, (com exceção de Salomão). Muitas mulheres, muitas concubinas, muitos filhos, muitas disputas, muitos problemas...

Já vimos em outros momentos da Vida de David, que nesta época houve em Israel mudanças muito grandes da maneira em que as pessoas passaram a viver e se comportar, distantes dos preceitos da Torah, no que tange a religião, a moral, os costumes. Parece uma evolução natural que por vezes promove grandes rupturas e grandes avanços. A exemplo de David ter trazido para perto de si a Arca da Aliança e iniciar um tempo de adoração, semelhante à Adoração Celestial neste mesmo tempo David, TALVEZ, sentindo-se culpado pela morte do filho que gerou em pecado com Batsheva, começa a perceber que este sentimento de culpa, de remorso, nunca vai gerar nada mais que desgraças.

Como um juiz de futebol que percebendo que errou em determinado lance, se esforça para compensar o erro que cometeu e acaba marcando faltas e penalidades contra a equipe beneficiada. David parece dar às costas em situações que começam a se multiplicar em seu reino, sua casa, sua nação, seu povo.

Um de seus filhos violenta sua própria irmã. David, talvez sentindo-se culpado, entendendo talvez que os erros dos filhos, muitas vezes são a consequência do erro dos pais, deixa de julgar a causa com equidade. Deixa de ser rígido, o suficiente, com aquele pecado tão terrível. Quem pode julgar a David? Quem pode dizer que em seu lugar teria feito algo diferente? Muitas vezes pensamos coisas, imaginamos situações, mas, agimos de forma diferente do que julgamos ser o certo. Foi exatamente o que ocorreu com David, quando Natan, vem e lhe conta uma estória e percebe que o senso de Justiça de David está aguçado, não porém, quando o culpado é ele mesmo. São os nossos “atos de justiça”, que Deus chama de “trapos de imundícia”, do tipo: “Faça o que eu te digo, mas, não faça o que eu faço.”

Muitos observavam as mesmas situações e julgavam cada uma delas por um ponto de vista. Parece que nestes dias em Israel, pouco se buscava a Voz de Deus, a Justiça de Deus e esta decadência de uma sociedade caminha para o declínio e confusão, desarmonia, autocomiseração, autopiedade são já atuações demoníacas, que vão abrir portas para coisas mais terríveis ainda por vir... Um Abismo chama outro Abismo...

Absalão, filho de David com Maaca, (filha de um rei que não era de Israel), tinha uma única irmã, filha de sua mãe, que foi violentada pelo primogênito de David chamado Amnom. Absalão, indignado com a falta de dureza de seu pai com o que Amnom havia feito à sua irmã, depois de dois anos, prepara uma situação e manda matar o violentador de sua irmã.

Fugindo para a cidade de seu avô materno, fica exilado por três anos, até que com um ardil de Joabe, general de David, Absalão volta, mas, não é totalmente perdoado pelo pai. David, ordena que Absalão ficasse recluso numa cidade e não visse mais o seu rosto. É o que podemos chamar de “perdão em parte”... Será que isso existe? Parece que no caso de Absalão só fez fermentar mais as coisas, por que um espírito demoníaco passou a agir em Absalão, que passou a ser amável e interessado pelas causas das pessoas de seu país, apresentando soluções diferentes daquelas que os cidadãos achavam em David. Como se David, não fosse tão bom e justo como Absalão. 

Ele passou a se apresentar como a solução para os desequilíbrios do rei, que talvez se fosse mais enérgico, decidido em suas posições, não abriria portas para este mal todo assaltar a nação de Israel.

Um abismo vai atraindo a outro, até que Absalão então decide ir para a cidade de seu nascimento e lá se deixa proclamar rei... Este é sem dúvidas um dos episódios mais tristes da vida do “Homem segundo o coração de Deus”... 

Ao saber que seu filho virá para tomar Jerusalém e que a nação passa a segui-lo, David demonstra uma das mais lindas mostras do seu caráter:

Ele simplesmente chama todo o seu povo, suas mulheres, servos e abandona o palácio, a cidade e se recusa a lutar contra o seu filho Absalão. Como se esta atitude pudesse dizer:

“Eu não pedi para ser rei de Israel. Eu não fiz nada para chegar aqui. Deus que me trouxe de detrás da malhada das ovelhas até esta posição, sem que eu tivesse que fazer nada para obtê-la... Se então Deus agora quer me tirar desta posição, também não farei nada para defende-la. De Deus são todas as coisas. Ele manda, Ele governa. Ele é O SENHOR!”

David deixa todo o seu povo, seus valentes passarem em sua frente e é o último a deixar a cidade. Ordena que os sacerdotes Tzadok e Abiatar conduzam a Arca da Aliança para o seu lugar e se resigna a confiar em Deus, para que O Eterno lhe conceda outra oportunidade de Adorar diante de Sua Presença... É IMPOSSÍVEL LER ISSO, IMAGINAR ESTE DIA E NÃO CHORAR... A PRESENÇA DE DEUS ERA O QUE DAVID MAIS AMAVA, MAS, A CONFIANÇA E DEPENDÊNCIA DE DAVID EM DEUS, ERA SUA PRINCIPAL MARCA.

II Sam. 15: 25 a 30 – “Então, disse o rei a Zadoque: Torna a levar a arca de Deus à cidade. Se achar eu graça aos olhos do SENHOR, ele me fará voltar para lá e me deixará ver assim a arca como a sua habitação. Se ele, porém, disser: Não tenho prazer em ti, eis-me aqui; faça de mim como melhor lhe parecer... Seguiu Davi pela encosta das Oliveiras, subindo e chorando; tinha a cabeça coberta e caminhava descalço; todo o povo que ia com ele, de cabeça coberta, subiu chorando.”

Os erros, deficiências emocionais, de David não puderam ofuscar o Amor por Deus, e nem impedir que os planos de Deus se cumpriesem em sua vida. A pergunta é: Será que David tinha que sofrer tanto assim? É certo que não! Quando nos amoldamos aos padrões que não são de Deus (logo são do mundo), abrimos brechas, para que sejamos feridos, resistidos, para que pessoas que amamos sejam tocadas e que o inimigo que não pode impedir o Propósito de Deus em nossas vidas, possa nos fazer estar tristes nos dias mais esperados e sonhados de nossas vidas... Chamamos isso de: “Ladrão da Alegria”.

David, não podia se alegrar com a notícia de seu filho morto. David, já não era mais o jovem impetuoso que ia para os campos de batalha. Repreendido por seu general, entende que não poderia mais sair para guerrear com seus valentes, já que no meio da Batalha era David o único alvo que seus inimigos queriam... Seus inimigos?

As ovelhas por quem David devotou sua vida. Seu filho, talvez, o mais parecido com ele, o mais lindo entre todos... Quanta dor... Parece que tudo na vida do Rei David é abundante: As conquistas, a devoção, as lutas, as dores, as misericórdias...

Mais uma vez, percebemos uma diferença no relato da história de David narrada em II Samuel, do relato de Crônicas. Este segundo, parece absolutamente desconsiderar tudo o que se passou neste período. Parece considerar que neste perído de sombras do reinado e da vida de David, a misericórdia de Deus e seu Propósito Eterno, ofuscaram estas coisas todas desde o pecado de David bem como as consequências que se desenrolaram. Vemos o relato seguir nos derradeiros dias do Rei, Pastor de Israel.

Um Rei não vai a uma guerra com os seus valentes, observa de uma janela uma mulher bonita e o fim disso é incesto, assassínio entre irmãos, insurreição, guerra civil, um filho se levanta contra um pai, súditos contra um rei. Pessoas que aparentemente eram submissas começam a amaldiçoar e a blasfemar e a dizer no dia mal: BEM FEITO! Parece não haver mais alegria, motivo de festa, razão para prosseguir. 
Não bastasse tantas dificuldades que David sofreu para ser ungido Rei sobre toda Israel, sofre tanto agora depois dos momentos mais lindos de sua vida... 

Num dos livros que narra toda esta história, detalhes que poucos conhecem, talvez por não se interessarem. 

Noutra narrativa sequer são citados. Porque? 

Será que as dores, as lutas, os desvios, nossos erros, suas consequências, para Deus, para nós no futuro, serão tão pequenos diante da Obra de Deus, que nos recusaremos a lembrar?

De certo, não precisaríamos sofrer tanto!
Tão certo quanto, Deus continua sendo Deus e seus planos permanecem para sempre e a Sua Fidelidade vai de Geração em Geração...


PERMANEÇA EM DEUS!


Paulo de Tarso, apóstolo

Igreja Apostólica Betlehem

Um comentário:

  1. Lamentações 3:25 O Senhor é bom para com aqueles cuja esperança está nele, para com aqueles que o buscam;

    Vamos buscar o SENHOR permanecendo NELE.

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